Em Montes Claros assistiu-se a um quase "replay" da Granja . José Lampreia impõe o BMW 2002 Alpina na prova de "Turismo especial" , embora "Nené" tenha feito o melhor tempo nos treinos e , na corrida de GT & Protótipos , o Lotus 47 não consegue bater o Porsche 906 de Carlos Santos . Na Fórmula V , porém , a vitória de Ernesto Neves é "esmagadora" e chega a provocar uma pequena "guerra" Norte-Sul , ou seja , Aurora vs Palma . No jornal "Motor" de 31 de Julho , o jovem jornalista Carlos Gilbert pergunta a "mestre" Eduardo Santos , da Garagem Aurora , se " haverá uma baixa de rendimento no conjunto piloto-máquina , no que respeita aos clientes da Aurora". A resposta é que "sim , principalmente dos carros" e acrescenta que "o Sul tem mais informação técnica que o Norte" , e dá o exemplo : « sabe-se de fonte segura que o Palma V nº16 ( Ernesto Neves ) correu no GP do ACP com uma turbina de 14 pás , menos duas que o regulamentar . Não é caso para desclassificação , mas os demais concorrentes deveriam ter sido informados oficialmente do facto , tanto mais que a causa era a falta da peça devida , portanto uma situação provisória que a ninguém custaria a aceitar » .
Mas talvez a "rivalidade" fosse mais "jornalística" que real , uma vez que na "vida real" se assistiam a gestos de grande cavalheirismo . Conta "Nené" que em Vila do Conde , depois de ter feito uns tempos "miseráveis" nos treinos para a corrida de Fórmula V , devido a problemas com a embraiagem , foi o próprio Eduardo Santos que se deslocou propositadamente à sua garagem do Porto para encontrar uma peça de substituição . Resultado : Ernesto Neves ganhou a corrida , batendo os carros da "Aurora" sem apelo nem agravo .
Grandeza e verdadeiro desportivismo de alguém que não é "Mestre" só por alcunha .
Segundo Carlos Gilbert , quando "Mestre" Eduardo foi confrontado com este texto e com a lembrança da grande nobreza do seu gesto , terá dito ( à boa maneira da gente do Norte ) : « Nobreza ? F...-.. , porquê ?»
Segundo Carlos Gilbert , quando "Mestre" Eduardo foi confrontado com este texto e com a lembrança da grande nobreza do seu gesto , terá dito ( à boa maneira da gente do Norte ) : « Nobreza ? F...-.. , porquê ?»
2 comentários:
É verdade, lembro-me bem desse episódio da ventoínha de refrigeração e da falta de 2 pás... que talvez trouxesse um pouco menos de atrito e talvez uns 0,005 segundos por volta... mas que havia na época uma enorme suspeição à volta dos «Palma Vê», isso posso testemunhar em primeira mão. O "Néné" era um piloto perfeito, frio, eficaz, mas a sua superioridade no «Palma Vê» roçava a insolência, perdoem-me o termo. Não me recordo dos termos do regulamento da Fórmula Vê, mas que "Mestre" Eduardo andava desesperado com a diferença de andamento, isso foi um facto.
O gesto que teve em VC com respeito à peça que foi à sua garagem buscar de propósito, é típico dele. Impensável nos dias de hoje em que anda tudo "de faca na liga"...
Confirmo. Falei com "Mestre" Eduardo hoje, 22 de Dezembro, nas instalações da sua garagem, e a reacção dele foi textualmente essa. Testemunha presencial: o engº José Leite (o dos Porsche 356).
Isto, para além de Eduardo Santos nos ter contado outras cenas de entre-ajuda, p.ex. com o Augusto Palma em Jarama, tendo por objecto os respectivos Fórmula Vê e os rendimentos dos mesmos, ou o GRD de Mário Silva na Rampa de Portalegre e uma interessante história envolvendo a bomba-de-gasolina...
Isto de eu usar o termo "entre-ajuda" é "politicamente correcto", claro, porque o que na realidade se passava era a maior parte das vezes o bom do Eduardo resolver as dificuldades dos outros...
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