6 Horas do Estoril 2007

Em Novembro de 2007 Ernesto Neves voltou ao Autódromo do Estoril para disputar uma prova de resistência de "clássicos", partilhando o volante de um Jaguar "E" Lightweight com Carlos e Miguel Barbosa ( pai e filho ) . Porém , o carro inglês revelou sérios problemas de fiabilidade , nomeadamente ao nível do sistema eléctrico , e a equipa portuguesa terminaria numa modesta 24ª posição , seguida pelo Sunbeam T260 de outro português , Carlos B. Cruz , entre 34 carros que se classificaram . Na frente , a dupla Pierre Dutoya / Laurent Dutoya , em Elva MK8 , não deu quaisquer hipóteses aos outros concorrentes e venceu com dois minutos e meio de vantagem sobre o segundo classificado . A volta mais rápida foi realizada por Jacques Nicolet , em Chevron B21 , que registou 140,8 km/h , o que diz bem do ritmo a que esta prova foi disputada .


O Elva MK8 dos vencedores , à esquerda , e o Sunbeam T260 de Carlos B. Cruz , que conseguiu terminar a prova apesar dos problemas de aquecimento .

Experiências

No vastíssimo leque de experiências de Ernesto Neves só faltava uma "passagem" pela F1 e uma participação em Rallye Histórico . Em 2006 essas "faltas" estavam ultrapassadas .

Ao volante do Benetton Ford de Fórmula 1 , no Estoril

Ouvindo as indicações de Pedro Lamy sobre o Arrows Ford de Fórmula 1

Com Artur Passanha no Rallye de Portugal Histórico de 2006

Volta a Portugal 2000

À porta do Solar da Rede , na estrada que liga a Régua a Mesão Frio , durante a Volta a Portugal do ano 2000 . Da esqª : Augusto Palma , Carlos Barbosa , José Augusto Matias , Correia de Barros e Ernesto Neves .
O Daimler , o Jaguar e a fachada do belíssimo Solar da Rede

Equipa Campeões 2000


"Nicha" Cabral e "Nené" . Os melhores pilotos portugueses de sempre ?






Karting

Ernesto Neves não começou a sua carreira pelos karts , ao contrário de muitos outros pilotos de sucesso da sua geração e seguintes . Como já se viu , preferiu preferiu as motos , a exemplo de alguns nomes grandes do automobilismo mundial , tais como Surtees , Hailwood , Ceccoto . Foi já quando estava há muito retirado das pistas que resolveu experimentar esta fórmula de iniciação , que tantos ilustres campeões produziu . Não consta que tenha ficado entusiasmado .
"24 Horas de Braga" , 1991 . Chovia copiosamente , o que ditou o recurso ao curioso fato impermeável .

Rali Maratona Portalegre, em 4x4

Em Abril de 1987 tem lugar o primeiro Rali Maratona Portalegre-Finicisa , uma organização de José Megre destinada a proporcionar aos portugueses um "cheirinho" do Raid Paris-Dakar , até então a aventura motorizada mais excitante que se disputava no planeta Terra . A prova constava de um prólogo , com cerca de 7 km , e de um único troço cronometrado com 600 km de extensão , composto por duas voltas a um percurso secreto escolhido na região de Portalegre . Ernesto Neves participa nesta maratona ao volante de um Range Rover quase de série , ao qual foi acrescentado um depósito de gasolina de maiores dimensões e uma caixa de velocidades mais "curta" que a original , para além de ter sido reforçada a suspensão . De resto , até o ar condicionado permaneceu instalado . Carlos Barbosa dividiu este carro com "Nené" , que começaria por vencer o prólogo , mas a dupla acabaria por abandonar quando o "Range" se atolou num lamaçal de onde só sairia rebocado por dois tractores . Isto depois de já terem sofrido três furos na mesma roda . Esta não seria , contudo , a estreia de Ernesto Neves no "todo-o-terreno" . Nos anos 60 , "armou-se" do VW "carocha" materno e foi disputar o Rali dos Montes Alentejanos , prova organizada por Fernando Carpinteiro Albino . Desconhece-se a reacção da Mãe de "Nené" quando recebeu de volta o seu tão estimado carrinho .
Até o Range Rover pode andar em duas rodas !...
No momento da partida , a última recomendação de José Megre

O "Ernestão"

Na variada carreira de Ernesto Neves , uma categoria estava ainda em falta : os "stock cars", uma fórmula criada nos Estados Unidos e que tem como base a utilização de veículos de série , ainda que estes depois cheguem às pistas profundamente transformados . A oportunidade de "Nené" preencher esta lacuna chegou em 1982 , quando "PêQuêPê" decidiu participar no campeonato brasileiro da modalidade e gostou tanto que , mais tarde, convidou um grupo de amigos a participarem numa das provas , disputada em Jacarepaguá , no estado do Rio de Janeiro . Entre eles encontravam-se o "reformado" Ernesto Neves , Mário Silva e "MêQuêPê", todos figuras de primeiro plano da cena automobilística portuguesa de então .  Para completar a experiência , os portugueses conseguem convencer os promotores do campeonato a organizarem um prova em Portugal , no Estoril , operação que comportava uma  grande dificuldade logística uma vez que estes carros funcionavam com motores a álcool , combustível que não era ( nem é ) produzido no nosso país .
 No dia 25 de Abril de 1982 disputa-se a corrida de Jacarepaguá , perante mais de 40 mil pessoas . Os portugueses , com excepção de Mário Silva , tinham carros pouco competitivos e isso notou-se nos tempos modestos que obtiveram nos treinos . A 5ª volta revelou-se fatal , quando Ingo Hoffman viu o motor do seu carro explodir , enchendo a pista de óleo , facto que provocou várias despistes , entre eles os irmãos "QuêPê" . "Nené" consegue passar incólume através da "molhada" mas , logo a seguir , fica sem caixa de velocidades . Mário Silva viria a salvar a honra do grupo , terminando num honesto 8º lugar na prova , que seria vencida por Paulo Gomes , o "Paulão" .
"MêQuêPê" aprova o nome "Ernestão" inscrito no carro patrocinado pela TAP 
Os irmãos "QuêPê" e Ernesto Neves , nas boxes
"Ernestão", o stock car e as meninas

Diana Monte Real e "Nené"  junto do Opala , no Autódromo do Estoril

Na Lagoa Azul

Em 1981 , Ernesto Neves cede às pressões do seu amigo "Quim" Nicodemos para  tirar as "teias de aranha" ao GRD - agora propriedade de Mário Silva - e inscreve-se na Rampa da Lagoa Azul , um percurso de estrada situado em plena Serra de Sintra e já conhecido de outras provas . Com um carro claramente desactualizado  , "Nené" consegue , mesmo assim , o segundo lugar da classificação geral , logo a seguir ao Porsche Aurora RSR de Joaquim Moutinho . As "mãozinhas" continuavam lá , mas a motivação era cada vez menor e um eventual regresso à competição continuaria a ser apenas uma miragem .

Regresso a Sintra

Em 1978 , Ernesto Neves volta a disputar a Rampa da Pena , um lugar e um percurso que tão bem conhece e de que tanto gosta . Não se trata de um regresso à competição após cinco anos de ausência , como desejavam os seus muitos admiradores , mas apenas uma oportunidade para "matar saudades" e fazer comparações . Os resultados não se fizeram esperar . Ao volante do Lotus 69  Formula Ford  que agora pertence a Vítor Campos , "Nené" pulveriza o seu próprio record , batendo-o por uns esclarecedores 4 segundos e domina a prova a seu belo prazer . Questionado  por Helder de Sousa  sobre se teria encontrado alguma diferença significativa , após tão longa ausência , limitou -se a responder, no seu melhor estilo : "sim , estou mais gordo" !

Um Novo Capítulo

Em meados de 1973 Ernesto Neves dá por terminada a sua fulgurante carreira "oficial" de piloto de velocidade , durante a qual conseguiu o impressionante registo de 45 vitórias e nada menos que 9 Campeonatos Nacionais , tudo isto no curto período de apenas 7 anos de actividade . O fim do Team Palma , precipitado pelo desaparecimento do seu fundador , Manuel Palma , e a crise económica desencadeada pelo choque petrolífero , vão contribuir para a desmotivação de quem , aos 27 anos , já nada mais tinha para conquistar , a nível nacional . Porém , a relação de "Nené" com os automóveis e com a competição haveria de continuar por mais alguns anos ainda , embora em moldes completamente diferentes. É desse novo capítulo que iremos agora dar conta .